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terça-feira, 29 de julho de 2014

ONDE ESTAMOS E COMO?

Passado um ano, do que se considerou o fim deste Blog, a ele retomo para dar conta, agora, do fim...da MOVIFLOR.

Há um ano estávamos no início do fim, hoje estamos chegados ao fim. Há um ano estava-se com dois meses de salários em atraso, hoje está-se com seis. Há um ano optou-se por uma luta aberta, e não encapotada neste Blog, mas o número de trabalhadores com coragem para a luta não aumentou na proporção directa do aumento da exploração. Até parecia que quanto maior a exploração, menor a disposição para a luta.

Há um ano depositavam-se quase todas as esperanças no PER que, tal como alguns avisos faziam adivinhar, foi um fiasco...sete meses após a homologação (16 Dezembro 2013) a empresa ainda diz: <<(...)A administração da empresa garantiu que o plano está prestes a “arrancar”, sendo depois possível “resolver o problema dos trabalhadores”. (...)>>>...sete meses depois, está-se prestes a arrancar...o quê??? Ainda mais um pouco da nossa capacidade de acreditar?!? Duvido, nem isto conseguem arrancar, quanto mais com o PER.

Durante todo este tempo aumentou a dívida aos trabalhadores; diminuiu o número de efectivos com o despedimento colectivo de quase duzentos trabalhadores, onde se incluíram todos os tipos de faltas justificadas, incluindo grávidas, com o objectivo primeiro de atingir os que foram considerados traidores, pela 'dona disto tudo em ponto pequeno', ao recorrerem à suspensão! Perderam-se casas e outros bens; destruíram-se famílias e vidas; levou-se ao suicídio (directa ou indirectamente) algumas pessoas.

Durante todo este tempo um punhado de 'meia dúzia de teimosos' insistiu em pressionar a administração, apresentando-se no Green Park por diversas vezes; levou o problema aos Deputados que aceitaram responder aos pedidos de audiência, inclusive uma Comissão Parlamentar: a todos eles foram expostas as condições miseráveis em que os trabalhadores e ex-trabalhadores se encontravam; as continuadas falhas no cumprimento da lei; o contínuo desrespeito pela dignidade humana. 

Pelo caminho ficaram duas greves - 08 Dezembro 2013 e 08 Março 2014 - basicamente feita por ex-trabalhadores no despedimento colectivo, raríssimos os apoiantes no activo: alguns 'forçados' sabe-se lá se por vergonha, se por alguma pressão mais activa de quem estava do lado da luta. Assim foi feita a luta na MOVIFLOR...quase sem se dar por ela, tal a cobardia e falta de dignidade duma maioria de egocêntricos, cuja visão do mundo se resume à sua 'pequenininha vidinha'.

E como resposta a tudo isto obtém-se, agora, notícias de vendas à pressa do recheio das lojas; o levantar de equipamentos de armazéns; a inexistência de verbas para devolver aos clientes com material ainda em falta e tudo o mais que por aí venha, a juntar às dezenas de trabalhadores que recorreram recentemente, e continuam a recorrer, à suspensão do contrato de trabalho por falta de pagamento de salários que irá obrigar ao fecho de muitas lojas por falta de pessoal.

A partir da homologação do PER os pagamentos continuaram a ser feitos em tranches (excepção do mês de Março), tendo ficado por pagar o mês de Janeiro, os restantes 25% de Maio, já em finais de Junho, a que se juntam os meses de Junho e Julho.

E no meio disto tudo onde fica o CESP? Pois, não se sabe. Perdido entre a luta dos poucos que nunca desistiram, mas cuja pressão deixou de se verificar a partir do despedimento colectivo, já que todos os mais activos lá estavam e a suposta defesa dos 'quinhentos' que ficavam, bem como do medo de ser apelidado de causador da insolvência. Fraco sindicalismo este que assim abandona trabalhadores à sua sorte!


Ora, a 'discutir formas de luta' já andavam, pelo menos, desde o dia 07 Janeiro 2014 e nunca se viu nada, com excepção da greve do dia 08 Março que mais parecia ser de vários sindicatos e onde, mais uma vez, pontificaram os 'despedidos', basicamente. Com a descoordenação e falta de apoio, foi o que se viu: alguns 'bonecos' na comunicação social (protagonismos precisam-se) e de resto...nada! 

Depois...os trabalhadores 'poderão avançar com pedidos de insolvência'...como? Com o apoio do CESP que sempre negou, disfarçado de muitas desculpas, qualquer avanço fosse a que título fosse, para tribunal?!? Os trabalhadores que avançaram com pedidos de insolvência tiveram de o fazer recorrendo a advogados particulares, mesmo os que eram sócios do CESP e que, entretanto, se foram desvinculando, claro.

E assim chegamos ao "onde estamos e como?" Pois, estamos fodidos e nem sequer pagos! Milhares de euros de dívida que os trabalhadores nunca irão ver! Um Sindicato que não o soube ser, não facultando as informações correctas e atempadas, por forma a levar os trabalhadores a tomarem consciência da real situação e mobilizando-os para a luta ! Umas centenas de 'invertebrados' que recusaram reduzir o tempo de miséria, tomando algumas medidas que teriam forçado a acabar com o inferno mais cedo, possibilitando o recurso ao Fundo Garantia Salarial! 

Este é o fim mais inglório que se poderia adivinhar, há um ano...sem luta, nem mérito! Abandonados e ignorantes! DESUNIDOS NO FIM COMO SEMPRE ESTIVEMOS DESDE O INÍCIO!!!


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